No ano em que Star Trek celebra o 50º aniversário e com a chegada a Portugal em Agosto de Star Trek: Além do Universo, o terceiro capítulo após o renascimento da outra saga espacial pelas mãos de J.J. Abrams, faço uma retrospectiva pelas onze longas-metragens produzidas entre 1979 e 2013.
Star Trek V: A Última Fronteira (Star Trek V: The Final Frontier), 1989, dir. William Shatner
Depois de ver Star Trek V: A Última Fronteira a boa notícia é que será difícil a série piorar daqui para a frente. Este capítulo em que William Shatner interpreta, participa na criação da história e realiza, tem momentos de comédia involuntária mas, fora estes, não oferece muito no sentido do entretenimento. O irónico é que a abertura do filme impressiona pela qualidade da composição e do sentido estético e promete um vilão memorável e misterioso. Além disso Jerry Goldsmith volta a compor a banda sonora, o que eleva automaticamente qualquer filme.
Mas a promessa de uma boa aventura espacial desvanece rapidamente perante uma fraca direcção de actores, cenários de escala e qualidade televisiva, efeitos especiais datados à data de estreia e uma narrativa desinteressante, desconchavada e sem grande conflito ou obstáculos ao percurso da tripulação da Enterprise. Além disso a caracterização de Kirk denota uma importância e vaidade maior que o habitual, oportunidade claramente aproveitada por Shatner ao leme (literalmente) deste empreendimento.
Este é o filme onde a idade dos actores do elenco original se começa a fazer notar de forma mais evidente, tornando-se um problema para a acção que lhes é solicitada. Kirk, apesar da barriga, escala sem medidas de segurança o El Capitan no parque natural de Yosemite, McCoy mal se consegue dobrar para reparar o transportador e, quando finalmente é dada a oportunidade a Uhura de ter um momento sexy, a sua idade torna a cena tão inapropriada que o único recurso é uma gargalhada bem audível.
Para terminar uma palavra em relação ao tema central do filme: a exploração da fé e da possibilidade da existência de Deus é fascinante e permite ao Homem o confronto, não só com a sua mortalidade, mas também com a limitação do seu conhecimento e o seu propósito no grande esquema das coisas. É uma pena que Star Trek V: A Última Fronteira não seja nada disto.
Warp 4/10
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